NILO GUERREIRO

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Golpe do Guincho: depósito que recebeu veículos irregularmente fez mais leilões do que empresa credenciada pelo Detran


O Golpe do Guincho tem mais um desdobramento que está lesando motoristas e motociclistas que tiveram seus veículos rebocados irregularmente para o depósito da Alarm Rio, em São João de Meriti. Vítimas da fraude que não conseguiram retirar motos e carros apreendidos — por não quitarem seus débitos ou por problemas na documentação — tiveram seus veículos leiloados depois de 90 dias de permanência no pátio da empresa da Baixada Fluminense.
Só nos primeiros cinco meses deste ano, a Alarm Rio disponibilizou aproximadamente três mil veículos para serem leiloados, de acordo com a Prefeitura de São João de Meriti. É o governo municipal quem publica os editais com as relações de carros e motos que terão venda pública. Neste período, foram levados para o pátio da empresa 5665 veículos — pelo menos metade pode ter sido apreendida de forma irregular fora do município de São João de Meriti, segundo o Ministério Público.
Por outro lado, a empresa Stop Log, que tem contrato de exclusividade com o Detran para apoiar ações de fiscalização no trânsito, organizou seis leilões de janeiro a maio deste ano. No total, foram disponibilizados para leilões 1239 veículos, menos da metade do total da Alarm Rio. A Stop Log administra seis depósitos públicos na Região Metropolitana.
E não é só. Segundo a Prefeitura de São João de Meriti, de maio até o fim de julho, está prevista a realização de mais quatro leilões, com 1200 veículos. Já nos depósitos públicos, haverá no mesmo período três leilões com 756 carros e motos.
A Prefeitura de Meriti, que alegou desconhecer a atuação da Alarm Rio fora do município, justificou o grande número de motos e carros dispostos para venda pública alegando que o município por "um longo período não realizou leilões, motivo pelo qual ocasionou grande volume de veículos e sucatas".
De cada veículo negociado, a renda é utilizada para pagar débitos existentes, como IPVA, despesas de estadia em depósito, taxas de reboque, pagamento de multas, além de gastos com o leilão. O restante da arrecadação, se houver, é repassado para o antigo proprietário do veículo, segundo o Conselho Nacional de Trânsito.
O motorista Ruy Rodrigo Rodrigues Domingues, de 35 anos, caiu duas vezes no Golpe do Guincho. E até hoje ainda não recuperou os veículos no depósito da Alarm Rio, que podem ir a leilão em São João de Meriti.
No dia 24 de fevereiro, o Fiat Ducato de Ruy foi parado em uma blitz de fiscais do Detro e PMs, no bairro Baldeador, em Niterói. A van foi apreendida, e em vez de ser levada para um dos seis depósitos públicos do Detran (há um situado em Niterói), acabou sendo rebocada para o depósito da Alarm Rio.
Trinta e quatro dias depois, na noite do dia 29 de março, outra van de Ruy foi intercepa por fiscais do Detro, desta vez, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Mais uma vez, o utilitário foi parar no depósito particular de São João de Meriti.A primeira van apreendida seria leiloada, segundo a Prefeitura de São João de Meriti, em 15 de junho. O motorista conseguiu uma liminar na Justiça suspendendo temporariamente a participação do veículo no leilão. A segunda ainda não tem data prevista.
— Não sei mais o que fazer. Não tenho como pagar as diárias — disse Ruy Rodrigo Rodrigues.



Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/golpe-do-guincho-deposito-que-recebeu-veiculos-irregularmente-fez-mais-leiloes-do-que-empresa-credenciada-pelo-detran-5577527.html#ixzz21ffpR4jW

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