NILO GUERREIRO

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MP-GO investiga uso irregular de ambulâncias em jogos de futebol

Samu também é suspeito de desvio de R$ 1,7 milhão, em Anápolis, GO. Conselho de Saúde explica que veículos são para urgências e emergências.



Novas denúncias apontam que as ambulâncias do Serviço Móvel de Atendimento e Urgência (Samu) estão sendo usadas na colaboração em jogos de campeonatos de futebol em Anápolis, a 55 km de Goiânia. O Samu está sendo investigado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e Polícia Federal por suspeita de desviar quase R$ 1,7 milhão ao fazer o pagamento dos salários de 24 médicos que receberam normalmente, mesmo faltando 190 dias do trabalho. A equipe de reportagem da TV Anhanguera flagrou uma ambulância do Samu fazendo apoio em um jogo da segunda divisão do Campeonato Goiano deste ano. Além disso, consta em uma ata redigida por uma plantonista que a ambulância foi a um hospital de Goiânia buscar um paciente que mora em Anápolis, a pedido de vereadores. “Nós entendemos que as ambulâncias que ali estiveram durante o Campeonato Goiano não eram ambulâncias credenciadas. São aquelas ambulâncias reserva que fazem o apoio a este tipo de esporte”, diz o secretário de Saúde Anápolis, Luiz Carlos Teixeira. O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Anápolis (CMS), Marcelo Rodrigues Silveira, explica que os veículos não são autorizados a realizar esse tipo de cobertura: “As ambulâncias do Samu são para urgência e emergência. Elas não podem ficar em eventos. As ambulâncias de reserva também não podem sair, só se for necessário para fazer uma baixa de alguma outra ambulância”. Plantões sem médicos Durante dois anos, o CMS reuniu documentos que resultaram em um processo com mais de 800 páginas. O relatório do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) mostra que um médico recebeu da prefeitura de Anápolis R$ 170 mil em honorários, onde as principais provas são as próprias atas expedidas pelo Samu. Nelas, os plantonistas relatam que não havia médico no plantão. Entretanto, o atual secretário de Saúde do município, Luiz Carlos Teixeira, alega que os médicos trabalharam, mas os arquivos que controlam a presença dos profissionais do Samu desapareceram. “Nós temos um Boletim de Ocorrência (BO) que comprova que houve um furto dos livros de frequência dos profissionais que trabalhavam na unidade na época. Então, o Denasus, não tendo acesso a esse BO, constatou que não haveria possibilidade de termos pago esses médicos, pois não havia frequência”, explica o secretário. Porém, o MP-GO afirma que vai continuar investigando o caso juntamente com Polícia Federal e, caso sejam comprovadas as irregularidades, o valor desviado terá de ser ressarcido pelos três antigos secretários de Saúde. “Após identificarmos a prática do crime, vamos procurar identificar os autores. Com isso, eles serão indiciados criminalmente e posteriormente o inquérito será remetido a Justiça Federal”, explica o chefe da Polícia Federal em Anápolis, Angelino Alves de Oliveira. Resposta A Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis afirmou que abriu um processo administrativo para apurar as irregularidades. A ex-secretária Iranir Ribeiro, citada nas investigações, não reside em Anápolis e, por isso, não foi localizada para falar sobre o caso. Já Roberson Guimarães, outro ex-secretário citado, afirma que os livros de registros de pontos foram furtados e o Boletim de Ocorrência foi apresentado ao Denasus. Outro ex-secretário, Vilmar Martins, não quis comentar sobre o assunto.



Do G1 GO, com informação da TV Anhanguera

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