NILO GUERREIRO

segunda-feira, 4 de julho de 2011

RIO VERMELHO








Bombeiros do Rio de Janeiro marcam historicamente o dia a dia dos cariocas. Tudo começou um pouco antes de se comemorar a semana pascoal. Bombeiros do GMAR se reuniram para posicionamentos em relação a um movimento reivindicatório por melhores condições de trabalho. Estive presente nesta primeira reunião, achei plausível todo o processo, mas confesso que me preocupou a forma como seriam conduzidos os procedimentos, que na verdade teria tudo para dar certo se fosse feito uma blindagem nesses bombeiros. A convite de um Tenente Bombeiro fomos conversar com o Comandante do GMAR, que já estava a par de todo o movimento que estava para se iniciar. Conversamos muito e pedimos que os oficiais tivessem ao lado da tropa e que os entendesse, pois tudo que eles estavam pedindo era digno e direito nosso. A interpretação desta reunião por parte de uma frente menos democrática foi avaliada e condenada por eles e em consequência fomos julgados e afastados. O movimento foi crescendo, tomando forma e massa. Um dos pontos positivo era o apoio da população, apesar de sempre haver opostos em tudo na vida, a grande maioria estaria com aqueles heróis que sempre deram suas vidas para salvar vidas. Um dos pontos mais fortes do movimento foi à manifestação dos Bombeiros em frente à ALERJ em maio, logo após o dia das mães, apesar da já rejeição, formalizamos o ato oficialmente enviando ofícios para os órgãos competentes. Tudo para tornar a mobilização segura e amparada. Como tudo em massa precisa cautela, tivemos o desprazer de ver alguns bombeiros serem levados pela emoção, se ausentando postos do GMAR, complicando trânsitos no Centro do Rio, isso sem falar em alteração de ânimos por parte dos mais novos. As primeiras prisões militar dos então “Líderes” veio na sequência, após uma manobra do Governo para acalmar e dispersar o movimento. Fato que não ocorreu. Nosso Comandante na ocasião “nem queria saber ou menos entender” o que estava acontecendo. Dois dias após os Bombeiros foram soltos e quase 10 dias depois tivemos o desprazer de ver “uma verdadeira batalha entre coirmãs” dentro do Quartel Central. Fato que aterrorizou oficiais, praças e a sociedade. Nunca em 32 anos de profissão presenciei uma batalha desse porte em um Quartel de Bombeiros. Tentamos mais uma vez nos aproximar e lembrar que também éramos bombeiros e com nossa representação jurídica poderíamos blindá-los com nosso corpo jurídico e nossa representação associativa, mas nada adiantou. O movimento já se sentia forte demais para a ajuda de fora. Até porque nossos nobres deputados os encorajavam para esse feito. Uma forma de palanque político muito visto em grandes manifestações no mundo estava montada, dando visibilidade a alguns que precisavam disso. Notamos sim que apesar da grande rejeição poderíamos ir ajudando, até porque o Comando já tinha sido substituído e não poderíamos perder mais tempo. As Associações Representativas que com suas legitimidades juntas representam mais de 50% dos bombeiros do Rio de Janeiro através do seu quadro social, fato que muitos não querem infelizmente enxergar ou aceitar, mas é a realidade. Procuramos o “Novo Comandante“ e o inicio da conversa gravada, foi o pedido de soltura dos 439 bombeiros e Policiais Militares presos de forma errónea e desumana. Pedimos também que fosse marcado um novo encontro para acertos nas tabelas enviadas por algum “Porta voz” do movimento, tabela essa discutida em reunião com eles e as Associações alguns dias antes, em outra tentativa de unificar o movimento do GMAR com os demais Bombeiros. Após a reunião fizemos uma ata para enviar ao Comandante sendo assim registrado tudo o que tinha acontecido na ocasião do encontro. Uma forma de mostrar transparência aos apelos. Para nossa surpresa um dia depois o Governo anunciou a Nova Secretaria de Defesa Civil sob o comando do então Comandante do CBMERJ e a antecipação das 6 parcelas restantes de 2011. Aconteceram também em paralelo, visitas do nosso Corpo Jurídico ao local onde eles estavam presos, presença de alguns Presidentes das Associações ao movimento, sempre buscando formas de apoio aos Bombeiros, lembro “farda que também faço parte”, mas tudo em vão.
O Movimento tomou forma, e nomes para perplexidade das Associações que cederam suas entidades para ofícios, carros de sons, ajuda com mantimentos e convocação da imprensa foram chamadas de traidores e indispensáveis para os Bombeiros. Bombeiros? Quais Bombeiros? Menos de 0,5% da Corporação incorporou o poder de decisão. Isso decisão! Decidiram e continuam decidindo por todos NÓS. O que tinha tudo para se tornar mais forte e mais vitorioso acabou virando palco de discórdias, ofensas, jogos de interesses e pura vaidade. “Eu defino quem entra e quem sai”. “Eu defino o futuro de todos vocês”. “Eu tenho o poder de negociação”. “Eu sou a força e só através de mim vocês poderão se manifestar”. O que será isso? Espanto-me!
Será que na calada da noite esta se formando um movimento ditatorial onde poucos respondem por todos nós? E a população que compareceu no último domingo de manifesto em Copacabana, compareceu para dar forma e apoio aos bombeiros do Rio, ou será que somente para dar apoio a alguns em separado?

Vamos descer do palco porque o espetáculo acabou.
ATENÇÃO Os Bombeiros do Rio de Janeiro não querem voltar a Ditadura!
Liberdade de expressão, um direito meu, seu, nosso!

Um comentário:

  1. OS BOMBEIROS SEMPRE FORAM UNIDOS...É LAMENTÁVEL TUDO ISSO. TEM ALGUM POLITICO ENVOLVIDO NISSO...PODE TER CERTEZA GUERREIRO.

    ResponderExcluir

NILO GUERREIRO